📵 O Uso de Celulares nas Escolas: Proibir é a Solução?

O excesso de telas afeta diretamente o sono, o desempenho escolar, a socialização e até a saúde mental dos adolescentes. Mas será que proibir o uso do celular na escola resolve o problema?

Essa foi a temática da Entrevista de Março na Rádio FM 87,9 - Joseli e Edy Simone.

A Proibição de Celulares nas Escolas para Adolescentes: Solução ou Desafio?

Edy Simone Del Grossi

O uso excessivo de telas pelos adolescentes é uma realidade preocupante. O celular, que deveria ser um recurso para facilitar a comunicação e o aprendizado, tem se tornado um fator prejudicial ao desenvolvimento emocional, social e acadêmico dos jovens. Diante disso, muitas escolas discutem a proibição do uso de celulares dentro do ambiente escolar. Mas seria essa a solução definitiva?

Os Impactos do Uso Excessivo de Celulares

Estudos apontam que o tempo exagerado de tela traz consequências sérias para o desenvolvimento dos adolescentes:

• Perda de Sono: Muitos jovens passam a noite conectados, resultando em privação de sono e dificuldades de concentração durante o dia.

• Baixo Rendimento Escolar: A distração constante impacta diretamente na capacidade de aprendizado e na absorção de conteúdos.

• Negligência de Necessidades Básicas: Relatos apontam que adolescentes deixam de ir ao banheiro quando necessário para continuar conectados.

• Aumento da Ansiedade e Agressividade: A superexposição às redes sociais e a dependência digital impactam negativamente a saúde mental.

• Dificuldade de Socialização: A interação presencial tem sido substituída pelo mundo virtual, resultando em jovens cada vez mais incapazes de estabelecer amizades e desenvolver habilidades sociais.

  
  

A Influência do Modelo de Criação

O código de criação de uma criança, também chamado de "Mapa Moral", é fundamental para a formação de regras, maneiras de agir e lidar com o mundo. Se no passado as interações sociais eram baseadas em experiências diretas e normas impostas pelos pais e educadores, hoje os "nativos digitais" têm uma formação diferente. Estudos mostram que um terço dos bebês de hoje aprendem a usar o celular antes mesmo de andar (Kabali, 2015), evidenciando que o contato com as telas acontece cada vez mais cedo.

A Proibição do Uso de Telas é a Melhor Saída?

Proibir o uso de celulares nas escolas pode parecer uma solução simples, mas é necessário um olhar mais amplo sobre a questão.

O que realmente faz diferença na educação digital dos adolescentes é:

1. Criar bons hábitos digitais: Ensinar o uso consciente e saudável das telas.

2. Impor regras claras de tempo de uso: Assim como há limites para outras atividades, o mesmo deve valer para o tempo de tela.

3. Começar na primeira infância: A educação digital precisa iniciar cedo, com pais e educadores determinando limites saudáveis.

4. Definir padrões de comportamento antes da adolescência: Esperar até a adolescência para impor limites pode ser tarde demais.

   
   

O Papel do Estágio de Latência na Formação do Adolescente

Dos 4 aos 11 anos, as crianças estão na chamada "fase de latência", um período crucial onde o cérebro é altamente maleável e moldado pelas experiências vividas. Essa fase é essencial para a criação de padrões e hábitos saudáveis. Se as regras são estabelecidas desde cedo, os adolescentes estarão mais preparados para lidar com as telas de maneira equilibrada.

Conclusão

Simplesmente proibir os celulares pode ser um paliativo, mas não resolverá o problema a longo prazo. A chave está na educação digital, no estabelecimento de limites desde a infância e na promoção de hábitos saudáveis. Cabe a pais e educadores o papel de orientar os jovens para que possam usar a tecnologia de forma equilibrada e produtiva. Afinal, a solução não está na proibição total, mas na moderação e no desenvolvimento da autonomia digital.